quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Desvio de dinheiro na Prefeitura de São Paulo pode ser de meio bilhão de reais

por
Fernando Duarte
Publicada em 31/10/2013 00:01:00
Autoridades públicas da gestão do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), se apressaram em assegurar a não participação do ex-chefe do Executivo e de ex-secretários municipais da Fazenda, entre eles o atual titular da pasta em Salvador, Mauro Ricardo Costa.
O escândalo de desvio estimado de R$ 500 milhões em ISS da capital paulista tornou-se público após a operação Necator (uma espécie de parasita) ser deflagrada pelo Ministério Público. A ação, realizada ontem, terminou com a prisão de quatro servidores públicos, identificados por Kassab como “técnicos, funcionários de carreira”, sem ingerência política dele para indicação.
Por meio de nota, o secretário da Fazenda de Salvador lamentou as supostas irregularidades praticadas por funcionários da Secretaria de Finanças de São Paulo. De acordo com Mauro Ricardo, “com relação às notícias veiculadas na imprensa acerca de supostas irregularidades, venho a lamentar que tais fatos, caso sejam comprovados, tenham sido praticados por servidores públicos municipais concursados”.
Segundo informações, foram presos o ex-subsecretário da Receita Municipal paulistana, Ronilson Bezerra Rodrigues, o diretor de arrecadação do mesmo órgão, Eduardo Barcelos, ex-diretor da divisão de cadastro de imóveis, Carlos Augusto Di Lallo Leite do Amaral, e o agente de fiscalização Luis Alexandre Cardoso de Magalhães. Os funcionários são acusados de integrar uma quadrilha que recebia propina de grandes construtoras para o fornecimento de certidões de quitação de ISS sem o pagamento do que era devido – estima-se que 50% do valor das dívidas era pago ao grupo, que atuava num escritório a 300 metros da sede do órgão, batizado de “ninho”.
Também por meio de nota, Kassab reiterou a atuação dele na prefeitura e demonstrou confiança em seus ex-auxiliares da Fazenda. “Durante a gestão, o ex-prefeito de São Paulo deu total autonomia aos secretários de Estado para montar as suas respectivas equipes e tem certeza que todos se colocarão à disposição das autoridades competentes para colaborar com as investigações e esclarecer todas as dúvidas existentes”, apontou.
Mauro Ricardo sinalizou não ter ciência do escândalo que movimentou comprovadamente R$ 200 milhões ao longo de três anos.
 “O Ministério Público de São Paulo tem todas as condições de elucidar o ocorrido e apresentar a denúncia à Justiça, a quem cabe julgar os fatos. Não tenho qualquer envolvimento com tais denúncias e espero que a Justiça cumpra o seu papel de investigar e punir os eventuais responsáveis”, defendeu-se o secretário da Fazenda soteropolitano, que assumiu o posto após deixar a mesma função em São Paulo.