Uma
mulher de Cubatão (SP) resolveu tomar uma medida radical e pedir
demissão após ser alvo constante de brincadeiras entre os colegas de
trabalho. Anna Flávia Gomes, de 28 anos, afirma ter sofrido diversas
formas de bullying e, por isso, optou por sair da empresa para tentar
melhorar a auto-estima, destruída pelos colegas.
Anna Flávia, que trabalhava como analista de Recursos Humanos, conta que era alvo constante das 'brincadeiras' dos colegas. "Comecei a ficar cada fez mais estressada. Por estar acima do peso, ouvi muitas coisas ruins. Tive que me afastar de muita gente por causa dessas coisas. Algumas pessoas entravam na minha sala só para perguntar se eu tinha alguma comida. No começo não levava as coisas na malícia. O problema é que começaram a me rotular de 'comilona' só porque eu estava acima do peso. Com o tempo as coisas foram piorando e até passavam meu serviço adiante falando que as outras pessoas andavam mais rápido do que eu", reclama.
As cada vez mais constantes brincadeiras fizeram com que com que Anna Flávia começasse a se isolar cada vez mais dentro da empresa. "Eu me sentia desmotivada. Procurei outra empresa para trabalhar. Em determinado momento nem ia mais almoçar no restaurante. Era comum as pessoas fazerem piadas relacionadas ao quanto eu comia. Comecei a comer lanches e engordei cada vez mais, só para comer sozinha. Nas festas de final de ano era outro problema. Sempre alguém vinha e comentava o quanto eu tinha engordado de um ano pro outro. O meu lado social ficou bastante abalado por causa disso.
Antes de se demitir, Anna Flávia tentou reverter a situação e se matriculou em uma academia de ginástica, mas também sentiu o preconceito no local. “Cheguei a entrar na academia com a minha irmã que é mais nova e mais obesa do que eu, mas no horário que a gente ia só tinha nós duas acima do peso. E não tinha um tratamento como as outras pessoas. As pessoas estão na academia para ganhar corpo. Às vezes a gente fica mais ofegante, precisa de mais um incentivo, igual ao que o instrutor está dando para outra pessoa. Só para eu e minha irmã ele não dava atenção igual. Ao invés de me ofender, eu me culpei. Fiquei pensando que se eu fosse magra o tratamento seria diferente", afirma Anna.
Além das brincadeiras de mau gosto, a analista de RH lamenta pelos prejuízos profissionais. ”Eu procuro não sofrer. Na escola era pior, mas no serviço, se eu sofrer por isso não vou conseguir ir trabalhar. No serviço, por mais que você saiba que as pessoas vão comentar, ou vão rir, ou vão por apelido, você tem que ir, motivado ou não. Tem que levantar e ir trabalhar. Isso é o mais difícil. Pelo que eu estudei, se eu tivesse outro porte físico eu poderia estar melhor. Eu já fui em entrevistas que você percebe que está sendo analisado pela sua fisionomia. Você vai ter que representar a empresa na matriz e eles querem uma pessoa modelo”, finaliza.
Pedir demissão não resolve o problema
De acordo com a psicóloga e pedagoga Flávia Henriques, o caso de Anna Flávia é clássico, típico em pessoas que sofrem por não conseguirem enfrentar as situações. Flávia explica que os colegas de trabalho devem ter percebido a fraqueza da vítima e, por isso, acabaram fazendo esse tipo de agressão. “Ninguém tem o direito de agredir outra pessoa, nem verbal, nem fisicamente. A agressão verbal é mais difícil de provar. O que a pessoa agredida pode fazer é denunciar a agressão, ou falando com o próprio agressor, ou, no caso de bullying no trabalho, passando o caso para o superior”, explica.
A psicóloga conta também que a pessoa agredida deve se impor e enfrentar a situação. “Assim como as crianças saem da escola e pessoas abandonam famílias, a vítima de bullying pode acreditar que abandonar o emprego resolva seu problema, mas não é assim. Sem enfrentar, ela sempre vai ser vítima”. Flávia lembra que o agressor também costuma ter problemas. “Os problemas dos agressores, às vezes, são mais sérios do que os apontados pelas vítimas”, finaliza.
Anna Flávia, que trabalhava como analista de Recursos Humanos, conta que era alvo constante das 'brincadeiras' dos colegas. "Comecei a ficar cada fez mais estressada. Por estar acima do peso, ouvi muitas coisas ruins. Tive que me afastar de muita gente por causa dessas coisas. Algumas pessoas entravam na minha sala só para perguntar se eu tinha alguma comida. No começo não levava as coisas na malícia. O problema é que começaram a me rotular de 'comilona' só porque eu estava acima do peso. Com o tempo as coisas foram piorando e até passavam meu serviço adiante falando que as outras pessoas andavam mais rápido do que eu", reclama.
As cada vez mais constantes brincadeiras fizeram com que com que Anna Flávia começasse a se isolar cada vez mais dentro da empresa. "Eu me sentia desmotivada. Procurei outra empresa para trabalhar. Em determinado momento nem ia mais almoçar no restaurante. Era comum as pessoas fazerem piadas relacionadas ao quanto eu comia. Comecei a comer lanches e engordei cada vez mais, só para comer sozinha. Nas festas de final de ano era outro problema. Sempre alguém vinha e comentava o quanto eu tinha engordado de um ano pro outro. O meu lado social ficou bastante abalado por causa disso.
Antes de se demitir, Anna Flávia tentou reverter a situação e se matriculou em uma academia de ginástica, mas também sentiu o preconceito no local. “Cheguei a entrar na academia com a minha irmã que é mais nova e mais obesa do que eu, mas no horário que a gente ia só tinha nós duas acima do peso. E não tinha um tratamento como as outras pessoas. As pessoas estão na academia para ganhar corpo. Às vezes a gente fica mais ofegante, precisa de mais um incentivo, igual ao que o instrutor está dando para outra pessoa. Só para eu e minha irmã ele não dava atenção igual. Ao invés de me ofender, eu me culpei. Fiquei pensando que se eu fosse magra o tratamento seria diferente", afirma Anna.
Além das brincadeiras de mau gosto, a analista de RH lamenta pelos prejuízos profissionais. ”Eu procuro não sofrer. Na escola era pior, mas no serviço, se eu sofrer por isso não vou conseguir ir trabalhar. No serviço, por mais que você saiba que as pessoas vão comentar, ou vão rir, ou vão por apelido, você tem que ir, motivado ou não. Tem que levantar e ir trabalhar. Isso é o mais difícil. Pelo que eu estudei, se eu tivesse outro porte físico eu poderia estar melhor. Eu já fui em entrevistas que você percebe que está sendo analisado pela sua fisionomia. Você vai ter que representar a empresa na matriz e eles querem uma pessoa modelo”, finaliza.
Pedir demissão não resolve o problema
De acordo com a psicóloga e pedagoga Flávia Henriques, o caso de Anna Flávia é clássico, típico em pessoas que sofrem por não conseguirem enfrentar as situações. Flávia explica que os colegas de trabalho devem ter percebido a fraqueza da vítima e, por isso, acabaram fazendo esse tipo de agressão. “Ninguém tem o direito de agredir outra pessoa, nem verbal, nem fisicamente. A agressão verbal é mais difícil de provar. O que a pessoa agredida pode fazer é denunciar a agressão, ou falando com o próprio agressor, ou, no caso de bullying no trabalho, passando o caso para o superior”, explica.
A psicóloga conta também que a pessoa agredida deve se impor e enfrentar a situação. “Assim como as crianças saem da escola e pessoas abandonam famílias, a vítima de bullying pode acreditar que abandonar o emprego resolva seu problema, mas não é assim. Sem enfrentar, ela sempre vai ser vítima”. Flávia lembra que o agressor também costuma ter problemas. “Os problemas dos agressores, às vezes, são mais sérios do que os apontados pelas vítimas”, finaliza.