quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Chuvas de São Paulo silenciam o microblog de Serra

Jorge Araújo/Folha

O microblog do governador tucano José Serra é, hoje, um dos mais prestigiados recantos da web.

Serra contabiliza 146,9 mil seguidores. Cutiva-os com disciplina. Atualiza suas mensagens com periodicidade diária.

Noctívago, o governador por vezes gasta nacos de sua madrugada para responder às mensagens que lhe chegam pelo cristal líquido.

Pois bem. Na noite desta terça (8), Serra tomou chá de sumiço. Não deu as caras no microblog. Coisa rara. Raríssima.

Até a madrugada desta quinta (9), a última mensagem do governador era um “boa noite a todos”, veiculado na segunda, dia 7.

O repórter visitou Serra várias vezes na noite de terça. Tentou encontrá-lo na madrugada desta quarta. E nada.

Ns pegadas do temporal que inundou São Paulo de caos, Serra tomou chá de sumiço. Pena. Havia muito a ser comentado.

Caiu sobre a cidade o segundo maior temporal em dez anos. Uma uma centena de pontos de alagamento. Seis mortos. Um desaparecido.

Afora o azedume de São Pedro, contribuiu para tonificar a encrenca o defeito numa bomba que desvia águas do Rio Pinheiros para a represa Billings.

Coisa feita justamente para conter os efeitos de enchentes. Em manifestação fugaz, Serra admitiu a falha no equipamento, cuja manutenção está a cargo do Estado.

No final da tarde, o governador voou para Brasília. Aguardava-o uma homenagem do Grupamento de Fuzileiros Navais. Não voltou a falar de enchentes.

Dias atrás, Serra fizera outra visita noturna a Brasília. Passara pelo apartamento do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que servia um jantar de aniversário.

Nem por isso o governador deixara de reabastecer o seu microblog. Na noite passada, porém, só o silêncio.

Entre as mensagens antigas, uma música que um dos seguidores dedicara ao governador na noite de segunda.

Serra encaminhou seus leitores para um soberbo Paulinho da Viola, cantando Nervos de Aço, de Lupicínio Rodrigues.

Alusão velada ao comentário que fizera sobre a disputa travada com Aécio Neves pela vaga de presidenciável tucano. Serra dissera ter nervos de aço.

Mais abaixo, em mensagem de domingo (6), o microblog do governador faz a alusão a uma poesia. O link conduz a Vinícius.

Eis a primeira estrofe: “De manhã escureço/De dia tardo/De tarde anoiteço/De noite ardo”.

Na noite passada, Serra não ardeu. Ou, por outra, se arrostou ardores foi longe da web. Seu silêncio soou ensurdecedor.

Pior para Gilberto Kassab. Herdeiro da cadeira do ex-prefeito Serra, o ‘demo’ teve de explicar-se sozinho.

Kassab enxergou algo de “positivo” sob as águas. Não acredita? Pois ouça o raciocínio do prefeito:

“O que há de positivo nessa chuva é que, mesmo com essa intensidade de água, o Aricanduva e o Pirajussara não transbordaram...”

“Desta vez, as obras suportaram bem a intensidade da chuva". Então, tá! Lavre-se a ata. E não se fala mais nisso.

André Vicente/Folha

Escrito por Josias de Souza às 04h11

Rossi prepara candidatura para dificultar reeleição de Quércia no PMDB-SP

Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Rossi quer presidir PMDB-SP

  • Folha Imagem

    Ex-prefeito de Osasco e deputado nega que candidatura sirva para abalar apoio do presidente do PMDB-SP a José Serra

Ex-prefeito de Osasco e deputado federal, Francisco Rossi prepara sua chapa para tentar no domingo (12) tomar de Orestes Quércia o comando do PMDB em São Paulo. Peemedebistas de Brasília consideram o movimento importante para desidratar a aliança do ex-governador com o PSDB para as sucessões estadual e nacional, já que ele defende a candidatura do governador José Serra à Presidência da República a contragosto da cúpula do partido.

Rossi nega que sua candidatura tenha vínculo com a disposição da maior parte do PMDB de fechar aliança com o PT da ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata Dilma Rousseff. Ele argumenta se assim fosse Quércia não teria em sua chapa para compor o diretório estadual o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), cotado para disputar a Vice-Presidência na provável chapa da preferida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Quem diz isso está contando uma grande balela. Só nós sabemos o sacrifício que fizemos para organizar essa chapa e conseguir essas 65 assinaturas para chancelar nossa candidatura", disse Rossi ao UOL Notícias. Não existe nenhuma conotação de ser a favor daquela ou contra aquela candidatura. O fato é que o PMDB tem 65 prefeitos no Estado e é muito pouco. O fato é que mesmo sendo grande o partido não tem candidato próprio nem no Brasil nem no Estado."

Rossi e a cúpula nacional do PMDB sabem que é improvável uma derrota de Quércia em São Paulo. Mas enquanto estiver cuidando de sua reeleição ele, que pretende buscar uma vaga no Senado em 2010, se desgasta e perde tempo que usaria para articular a candidatura nacional de Serra. Pelo menos até o início de janeiro, o paulista disputa com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a indicação do PSDB para concorrer ao Palácio do Planalto.

Em 2006, contando com o apoio da corrente de Temer, Quércia teve cerca de 60% dos votos na eleição do PMDB paulista. Embora o presidente da Câmara tenha aderido na reta final à extensão do mandato do ex-governador, Rossi, que cogita ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes, vê impacto de sua candidatura na base do partido. Ele prevê uma disputa dura para os adversários caso o comparecimento seja alto nas eleições do domingo na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Respeito
"Tivemos que organizar tudo com muita pressa, tinha só o nome dos delegados sem endereço nem telefone. Sou capaz de ir à Justiça para obter essas informações, embora ache que não seja necessário pelo respeito que tenho pelo Quércia. Mas teve gente por aí espalhando que seria disputa de chapa única e isso pode desmobilizar", afirmou Rossi. "O sentimento da base é que é uma boa oportunidade para mudar."

O ex-prefeito de Osasco elogiou o ex-governador, apesar de considerar apressada a declaração dele de que Serra seria o candidato ideal para suceder Lula em 2010. Pesquisas de intenção de voto mostram o tucano com desempenho inferior aos mais de 40% com que contava no início do ano. Dilma, antes sem votos, cresceu com base na alta popularidade do presidente.

"Quércia é muito querido, é forte, tem história no partido. Não tenho intenção de afrontá-lo, tenho carinho por ele. Foi ele que ligou e me trouxe de volta para a política. Devo essa gentileza a ele", disse o deputado.

"Mas o nome da nossa chapa é Candidatura Própria Já e com ele no comando isso não vai acontecer. Se for eleito quero satisfazer nossa base com uma candidatura nossa ao governo do Estado e, dentro das possibilidades, pressionar para que haja uma candidatura nacional do PMDB, que depende de outras instâncias."

O acordo PT-PMDB prevê que a aliança nacional tem prioridade sobre as estaduais e que a maioria do partido estará ao lado de Dilma em 2010. Além de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, a aliança enfrenta dificuldades em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pará e Mato Grosso do Sul.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Decoração de Natal: Ponte Estaiada vira pinheiro gigante

A Ponte Octavio Frias de Oliveira, mais conhecida como Ponte Estaiada, na zona sul de São Paulo, virou uma grande árvore de Natal iluminada. Com mais de 35 mil metros de cabos iluminados, a decoração natalina da ponte pode ser vista a mais de 1 km de distância. A iluminação funcionará todos os dias, das 20h às 5h, até o dia 6 de janeiro.


por Alessandra Jarussi


domingo, 6 de dezembro de 2009

O efeito tequila tucano (Emir Sader)

Em primeiro lugar, em continuidade com a política do governo FHC, o Brasil teria aprovado a ALCA – a Área de Livre Comércio para as Américas. O Brasil estaria submetido ao livre comércio, ao contrário dos processos de integração regional. O Mercosul teria terminado, não existiriam o Banco do Sul, a Unasul, o Conselho Sulamericano de Defesa.

As conseqüências atuais podem ser constatadas na forma como um país que assinou um Tratado de Livre Comércio com os EUA e o Canadá, como o México, e outro, de tamanho proporcional, como o Brasil, que teve papel destacado na inviabilização da ALCA e optou pelos processos de integração regional. O presidente do México, Felipe Calderón, tinha convidado a Lula para que os dois países fossem juntos ao FMI. Lula respondeu que nosso país não precisa mais disso e, ao contrário, terminou fazendo empréstimos ao FMI.

Ao assinar um TLC com os EUA, o México passou a ter mais de 90% do seu comércio exterior com esse país – nem sequer tem importância o comércio com o Canadá. O país não teve efeitos positivos, ao contrário, retrocedeu, sob os efeitos da livre circulação dos capitais norteamericanos no país. Pioraram os índices sociais, aumentou a imigração para os EUA.

Mas o pior viria depois, com a crise: pode-se imaginar o tamanho da recessão em que se envolveu o México – menos 7% do PIB, menos 16% da produção industrial neste ano – e os seus efeitos prolongados sobre uma economia que se tornou absolutamente dependente do vizinho do norte – onde se originou a crise e onde ela se revela de forma mais acentuada e prolongada.

Enquanto isso, o Brasil, assim como os países que privilegiaram a integração regional, saiu rapidamente da crise e voltou a crescer, além de, pela primeira vez, impedir que os pobres pagassem o preço da crise, ao manter as políticas sociais, seguir elevando o poder aquisitivo dos salários e os empregos formais.

Além disso, se diversificou o comércio internacional do Brasil – a China é o nosso primeiro parceiro comercial, não mais os EUA -, fazendo com que, pela primeira vez, se supere uma crise internacional sem depender da recuperação da economia norteamericana, da européia ou da japonesa, que seguem em recessão. Se intensificou também muito o comércio interrregional, entre o Brasil, a Argentina, a Venezuela, a Bolívia e os outros países dos processos de integração regional.

O terceiro eixo que favoreceu a recuperação da crise é a expansão do mercado interno de consumo popular, que não deixou se crescer durante a crise.

Nenhum desses três fatores – diversificação do comércio internacional, intensificação do comercio regional e expansão do mercado interno – estaria presente se os tucanos – FHC, Serra, Alckmin – continuassem governando. O quadro mexicano é a cara triste e angustiante que teria o Brasil, se os tucanos estivessem governando o país.

Esse é o tema que estará em jogo nas eleições do ano próximo. Por isso Aecio Neves diz que “será um candidato pós-Lula e não anti-Lula”, que “não nos convêm (aos tucanos) comparar números e Serra pretende ter um perfil próprio, querendo desvincular-se do governo de que foi ministro durante oito anos. Mas o caráter plebiscitário das eleições é inevitável, um plebiscito entre dois Brasis, o de FHC e Serra contra o de Lula e de Dilma.

Postado por Emir Sader às 13:16