quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Rossi prepara candidatura para dificultar reeleição de Quércia no PMDB-SP

Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Rossi quer presidir PMDB-SP

  • Folha Imagem

    Ex-prefeito de Osasco e deputado nega que candidatura sirva para abalar apoio do presidente do PMDB-SP a José Serra

Ex-prefeito de Osasco e deputado federal, Francisco Rossi prepara sua chapa para tentar no domingo (12) tomar de Orestes Quércia o comando do PMDB em São Paulo. Peemedebistas de Brasília consideram o movimento importante para desidratar a aliança do ex-governador com o PSDB para as sucessões estadual e nacional, já que ele defende a candidatura do governador José Serra à Presidência da República a contragosto da cúpula do partido.

Rossi nega que sua candidatura tenha vínculo com a disposição da maior parte do PMDB de fechar aliança com o PT da ministra-chefe da Casa Civil e pré-candidata Dilma Rousseff. Ele argumenta se assim fosse Quércia não teria em sua chapa para compor o diretório estadual o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), cotado para disputar a Vice-Presidência na provável chapa da preferida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Quem diz isso está contando uma grande balela. Só nós sabemos o sacrifício que fizemos para organizar essa chapa e conseguir essas 65 assinaturas para chancelar nossa candidatura", disse Rossi ao UOL Notícias. Não existe nenhuma conotação de ser a favor daquela ou contra aquela candidatura. O fato é que o PMDB tem 65 prefeitos no Estado e é muito pouco. O fato é que mesmo sendo grande o partido não tem candidato próprio nem no Brasil nem no Estado."

Rossi e a cúpula nacional do PMDB sabem que é improvável uma derrota de Quércia em São Paulo. Mas enquanto estiver cuidando de sua reeleição ele, que pretende buscar uma vaga no Senado em 2010, se desgasta e perde tempo que usaria para articular a candidatura nacional de Serra. Pelo menos até o início de janeiro, o paulista disputa com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a indicação do PSDB para concorrer ao Palácio do Planalto.

Em 2006, contando com o apoio da corrente de Temer, Quércia teve cerca de 60% dos votos na eleição do PMDB paulista. Embora o presidente da Câmara tenha aderido na reta final à extensão do mandato do ex-governador, Rossi, que cogita ser candidato ao Palácio dos Bandeirantes, vê impacto de sua candidatura na base do partido. Ele prevê uma disputa dura para os adversários caso o comparecimento seja alto nas eleições do domingo na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Respeito
"Tivemos que organizar tudo com muita pressa, tinha só o nome dos delegados sem endereço nem telefone. Sou capaz de ir à Justiça para obter essas informações, embora ache que não seja necessário pelo respeito que tenho pelo Quércia. Mas teve gente por aí espalhando que seria disputa de chapa única e isso pode desmobilizar", afirmou Rossi. "O sentimento da base é que é uma boa oportunidade para mudar."

O ex-prefeito de Osasco elogiou o ex-governador, apesar de considerar apressada a declaração dele de que Serra seria o candidato ideal para suceder Lula em 2010. Pesquisas de intenção de voto mostram o tucano com desempenho inferior aos mais de 40% com que contava no início do ano. Dilma, antes sem votos, cresceu com base na alta popularidade do presidente.

"Quércia é muito querido, é forte, tem história no partido. Não tenho intenção de afrontá-lo, tenho carinho por ele. Foi ele que ligou e me trouxe de volta para a política. Devo essa gentileza a ele", disse o deputado.

"Mas o nome da nossa chapa é Candidatura Própria Já e com ele no comando isso não vai acontecer. Se for eleito quero satisfazer nossa base com uma candidatura nossa ao governo do Estado e, dentro das possibilidades, pressionar para que haja uma candidatura nacional do PMDB, que depende de outras instâncias."

O acordo PT-PMDB prevê que a aliança nacional tem prioridade sobre as estaduais e que a maioria do partido estará ao lado de Dilma em 2010. Além de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, a aliança enfrenta dificuldades em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pará e Mato Grosso do Sul.

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