domingo, 28 de fevereiro de 2010

Ciro agora admite ser o ‘vice’ numa chapa com Aécio


Folha
Em entrevista a uma emissora de rádio cearense, o multicandidato Ciro Gomes (PSB) injetou no debate sucessório a teoria da “barata-voa”.



Consiste no seguinte: José Serra trocaria as incertezas da arenga presidencial pela segurança de uma recandidatura ao governo de São Paulo.



“Nesse caso, o PSDB vai chamar o Aécio [Neves] para ser candidato”, teoriza Ciro. “E, em algum momento, o Aécio vai me chamar para ser vice dele”.



Ao cabo dos três movimentos, estaria consumada a atmosfera de “barata-voa”, abrindo-se no cenário eleitoral, no dizer de Ciro, “20 possibilidades”.



Para começar, diz o pluricandidato, “O PT, que hoje me pressiona para o governo de São Paulo, iria querer que eu concorresse à presidência”.



Por quê? Ciro responde: “Porque o Aécio vira favorito, com o apoio do Serra”.



Mas, afinal, aceitaria ser vice de Aécio? De início, o candidato a qualquer coisa disse que reafirmaria sua pretensão presidencial.



Minutos depois, na mesma entrevista, Ciro declarou: “Se acontecer a tese barata-voa, me chamem aqui de novo para conversar”.



O entrevistador insistiu. Se as baratas baterem asas, aceitaria dividir a chapa com Aécio? E Ciro, de bate-pronto: “Por que não?”



Perguntou-se também a Ciro se há corrupção no governo Lula. Ele respondeu afirmativamente, repisando as críticas à frouxidão moral das parcerias do PT:



“Essas alianças são um roçado de escândalos e eu já disse isso ao presidente Lula”.



Ciro voltou a criticar a tática de Lula de converter a eleição de 2010 em plebiscito. Para ele, o “debate plebiscitário e despolitizado” é um “crime”.



De resto, reafirmou que se considera melhor do que Dilma Rousseff: “Ela é boa, mas eu sou melhor do que ela, até porque eu já participei de umas 20 eleições e ela, de nenhuma”.



Como se vê, ficou ainda mais difícil saber a que cargo Ciro deseja concorrer: Presidente? Governador de São Paulo? Vice de Aécio? Nenhuma das alternativas anteriores?



De concreto, por ora, apenas a impressão de que o deputado vai se convertendo, devagarinho, numa espécie de barata-voa de si mesmo.

Escrito por Josias de Souza às 07h33

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Apenas quatro pontos separam Dilma de Serra (DataFolha)


Vem aí uma eleição de ‘caneladas’ e placar apertado


Moacir Lopes Jr./Folha
No curto intervalo de dois meses, a vantagem do tucano José Serra sobre a petista Dilma Rousseff despencou de 14 para quatro pontos percentuais.



É o que informa a mais recente pesquisa do instituto Datafolha. Em fins de dezembro, Serra amealhara 37% das intenções de voto. Dilma, 23%.



Hoje, o presidenciável do PSDB figura na pesquisa com cinco pontos a menos: 32%. Em movimento inverso, Dilma subiu cinco pontos: 28%.



A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais –para cima ou para baixo.



Preto no branco, Dilma encostou em Serra. Mas a sondagem dá ensejo a que petistas e tucanos façam a leitura que lhes pareça mais conveniente.



Tortudando-se as estatísticas em favor do PT, poder-se-ia dizer que Dilma, no teto da margem de erro, teria 30%. Serra, no piso, beliscaria os mesmos 30%.



Espremendo-se os dados em benefício do PSDB: Serra, no pé-direito máximo da pesquisa, teria 34%. Dilma, ao rés da margem de erro, somaria 26%.



Seja como for, o Datafolha reforça uma tendência que outros institutos já vinham captando: Dilma tomou o elevador para o alto. Serra, para baixo.



Ponto para Lula. Caminhando na fronteira da lei, o presidente exibe sua candidata há mais de um ano em solenidades oficiais e pa©mícios.



Beneficiado pela Justiça Eleitoral, que arquiva –uma após outra—, todas as reclamações ajuizadas pela oposição, Lula saboreia o êxito da estratégia que concebera para sua ex-poste.



Problema para Serra. O governador também intensificou o vaivém de inaugurações. Mas sua vitrine, por estadual, não se compara ao mostruário nacional de Dilma.



De resto, Serra frequenta a fase de pré-campanha como adepto do esconde-esconde. Adia para o final de março o anúncio da candidatura.



Quanto a Dilma, afora o fato de Lula vendê-la como opção oficial desde o ano passado, o PT cuidou de aclamá-la, em Congresso, como sua candidata.



Há poucos meses, imaginava-se que Serra entraria no gramado sucessório com cara de goleada.



Mantendo-se o ritmo insinuado pelas últimas pesquisas, se tiver sorte, o candidato tucano entra em campo no zero a zero.



No pior cenário, Serra ouvirá o apito inicial com um placar adverso na tabuleta. Em qualquer hipótese, o sonho do jogo fácil virou farelo.



Avizinha-se uma partida entrecortada por caneladas de parte a parte. Uma sucessão presidencial de placar apertado.

Escrito por Josias de Souza às 18h26

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Serra evita falar sobre candidatura à Presidência e "mensalão mineiro"

MAURÍCIO SIMIONATO

da Agência Folha, em Limeira
da Reuters

Em evento para inauguração de um ambulatório médico em Limeira (SP) nesta quinta-feira, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), evitou responder perguntas sobre eleições presidenciais e não quis se manifestar sobre a decisão da Justiça de Minas Gerais de aceitar denúncia contra suspeitos de participação no chamado "mensalão mineiro".

Ao ser questionado duas vezes por jornalistas se seria candidato à Presidência, o governador respondeu que não estava ali "para falar de política".

Entretanto, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), disse hoje que o partido tucano confirmará Serra como candidato à Presidência provavelmente no fim de março. "Não há dúvida, será Serra", afirmou Guerra. "Até o fim de março, esta questão estará resolvida", acrescentou.

Guerra previu ainda que o vice do governador paulista será indicado pelo aliado DEM.

Serra lidera pesquisa com 36% das intenções de voto, à frente da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sua sucessão, com 25%, segundo levantamento do Ibope deste mês.

Inauguração de AME

Em Limeira, o governador inaugurou um AME (Ambulatório Médico de Especialidades). Em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a unidade recebeu investimentos de R$ 3,9 milhões e atenderá em 24 especialidades médicas. Em outubro de 2009, o governador já havia visitado o mesmo local para vistoriar o andamento das obras.

Após discursar, Serra visitou as instalações do ambulatório médico ao lado de políticos, como o deputado federal Guilherme Campos (DEM-SP) e o prefeito de Limeira, Silvio Félix da Silva (PDT).

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Candidatura Dilma ‘já é favorita’, afirma líder de Lula



Jorge Campos/Ag.Câmara



Líder do governo Lula na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) afirma: Dilma Rousseff (PT) "já é favorita” na disputa contra José Serra (PSDB):



“Posso dizer, com base nos elementos que nós temos, que tudo aponta para um favoritismo de Dilma”.



Em entrevista ao blog, Vaccarezza disse que, ao atingir índices de pesquisa superiores a 25% em fevereiro, Dilma “superou as expectativas”.



O “favoritismo” viria, segundo ele, da combinação de dois fatores: a aprovação de Lula e do governo e o desejo do eleitor de votar num nome “da continuidade”.



“Dilma é a candidata da continuidade”, disse Vaccarezza. “O Serra é o candidato da mudança. Ele está tentando se livrar da armadilha, mas não vai conseguir”.



Abaixo, a entrevista:





- O que muda na campanha depois do Congresso do PT?

O Congresso deu um passo adiante. Sem adversários, a Dilma foi aclamada. Na convenção do partido, em junho, a candidatura será confirmada.

- Dilma intensificará a campanha?

Até 2 de abril ela ainda será ministra. Não pode fazer campanha. Parece formalidade, mas não é. Ela tem obrigações de Estado. A partir da saída do ministério, aí sim.

- Inaugurações e comícios ao lado de Lula não são parte da campanha?

Não. São atos administrativos.

- O que será feito depois que a candidata deixar o ministério?

O PT e os partidos que integram a aliança vão levá-la a vários eventos. Sempre em ambientes fechados, como prevê a lei.

- Dilma subiu nas pesquisas, mas está abaixo dos 30%. Era o esperado?

Ela está superando as expectativas. Não acreditava que chegasse nos índices que atingiu em fevereiro, acima de 25%.

- Quais são as metas do partido?

Não trabalhamos com metas. O que vamos fazer daqui até a convenção é torná-la ainda mais conhecida. Vamos estreitar as relações entre ela e as bases sociais do partido

- Acha que o prestígio de Lula levará à vitória?

As pesquisas mostram uma situação clara: a população quer a continuidade. Esse é o azar do Serra.

- Por que azar?

“Na sucessão de 2002, a população queria mudança. E o Serra foi o candidato da continuidade. Tentou se desvencilhar do Fernando Henrique, mas não conseguiu. Em 2010, a população quer a continuidade. E a Dilma é a candidata da continuidade. O Serra agora é o candidato da mudança. Ele está tentando se livrar da armadilha, mas não vai conseguir.

- O já dá de barato que o rival de Dilma será Serra?

Até dezembro eu não dava. Agora, ele está numa sinuca de bico. Não tem mais como recuar. Sob pena de deixar a oposição sem candidato. A essa altura, não é certo que o Aécio assuma o desafio. Ficou difícil para o Serra não ser candidato.

- Acha que a polarização levará a um resultado apertado?

Qualquer pessoa que fizer previsão será na base do achismo. Mas posso dizer, com base nos elementos que nós temos, que tudo aponta para um favoritismo de Dilma.

- Favoritismo?

Sim, favoritismo. É óbvio que esse favoritismo não se transforma em vitória certa. Isso não existe. O cenário mais provável é o de uma disputa acirrada. Se não cometermos erros e se acertarmos mais do que os adversários, temos condições de aumentar o favoritismo da nossa candidata, que já existe.

- Não acha que a tese do favoritismo soa a já ganhou?

Não partilho do discurso do já ganhou. Pior do que o discurso do já ganhou, só o discurso do já perdeu. Temos de trabalhar para consolidar o favoritismo da Dilma. Ela já é a favorita.

- Não exagera quando diz que Dilma é favorita?

Não. Os elementos de pesquisa dão a ela esse favoritismo. Basta observar o que aconteceu nesse último ano. O Serra só caiu. E a Dilma, à medida que a população foi conhecendo ela, subiu. A aprovação do presidente e do governo, associada ao desejo das pessoas de votarem no candidato que dê continuidade à gestão Lula, vão impulsionar a candidatura da Dilma.

- Não acha que o prestígio de Lula já foi incorporado à candidatura?

Não completamente. Muita gente não sabe ainda que a Dilma é a candidata do Lula. Além disso, é preciso considerar o elevado nível de exposição do Serra. Ele vem de três eleições: prefeitura, governo e, antes, a presidência. O Serra tem um recall de pesquisa que a Dilma não tem.

- Há risco de a aliança com o PMDB não ser fechada?

Risco sempre existe, mas diria que, hoje, as chances de o acordo PT-PMDB ser fechado são de 99%.

- As ambições estaduais do PT não podem comprometer o projeto nacional?

Não, ao contrário, Pela primeira vez, o PT decidiu disputar o governo em poucos Estados, menos da metade das unidades da federação. O PT amadureceu.

- Essa maturidade já chegou a Minas Gerais?

Em Minas, não está resolvido se iremos disputar. O que está resolvido é que iremos discutir –lá para maio, junho— qual o melhor nome para disputar a eleição. Temos três nomes –Helio Costa, pelo PMDB, Fernando Pimentel e Patrus Ananias, pelo PT. Um deles será o nosso candidato.

- Há incômodo do partido com a entrega da vice a Michel Temer?

Tudo se encaminha para Michel Temer ser o vice, sem nenhuma contestação.

- O PT já aceita a tese de que a indicação é prerrogativa do PMDB?

Sou contra o PT escolher vice. Quem tem que escolher é a coligação e a Dilma. A candidata precisa ser ouvida. Mas quem vai indicar é o PMDB.

- O programa aprovado pelo PT será assumido por Dilma?

Nós não aprovamos um programa, mas as diretrizes de programa. Não são as diretrizes da Dilma. São do PT. Desde 1982 que o PT já aprendeu: candidato majoritário a cargos executivos não são porta-vozes do partido. São eleitos por toda a sociedade, num leque mais amplo do que o PT. Portanto, quem decide o programa é o candidato, não o partido. Não estaríamos falando sério se disséssemos que PT não tem a maior influência. Mas quem decide é a Dilma, ouvindo os demais partidos.

- José Dirceu disse que participará da campanha. Não prejudica?

Sou favorável à participação do Dirceu. Mas a Dilma não montou nada ainda. O que ela disse é que todos os dirigentes partidários tetão participação. Não disse que vai montar uma coordenação com a participação do José Dirceu. Isso ainda não foi definido.

Escrito por Josias de Souza às 05h36

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Aliados pressionam Ciro para que aceite disputar governo de São Paulo


Foto Arquivo

Estadão/JP

O grupo de dirigentes de partidos da base aliada do governo federal em São Paulo, liderado pelo PT, finalmente se reunirá com o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) para tratar da sucessão do governo do Estado de São Paulo. O encontro será quarta-feira no diretório do PSB em Brasília, às 9 horas. A reunião tinha sido inicialmente marcada para a quinta-feira passada, mas o parlamentar alegou problemas de agenda.

O deputado federal Márcio França, presidente do PSB paulista, não acredita que Ciro decida já na quarta-feira a respeito do convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que troque a disputa presidencial pela corrida ao Palácio dos Bandeirantes em outubro. "Ele deve esperar até reunir-se com Lula", afirmou.

Segundo França, Lula e Ciro têm encontro marcado para o dia 15 de março, data que poderá ser antecipada pelas pressões do comando petista. Ontem, durante o 4º Congresso Nacional do PT, dirigentes discutiram a possibilidade de pedir ao presidente Lula um encontro ainda este mês para resolver o impasse.

Edinho Silva, presidente do diretório paulista do PT, diz que na reunião de quarta-feira a legenda vai mostrar apoio ao deputado do PSB. "Queremos mostrar ao Ciro que, se ele se dispuser a concorrer ao governo de São Paulo, vamos oferecer as condições e a segurança política necessárias para isso. Queremos que o deputado tome a decisão que achar melhor", afirmou.

O PT tem pressa em definir um nome para concorrer à sucessão do governador José Serra para aumentar suas chances no pleito estadual. A demora reduz o tempo do partido para promover um eventual candidato junto ao eleitorado. Caso Ciro insista em concorrer à Presidência, o mais cotado para disputar o governo paulista o posto é o senador Aloizio Mercadante (SP), que tem o aval do presidente Lula.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Mercadante diz que PT quer aliança com PSB em SP e que Lula não pediu sua candidatura

SOFIA FERNANDES
colaboração para a Folha Online, em Brasília

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou nesta quinta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pediu sua candidatura ao governo de São Paulo e que o partido mantém interesse em fazer aliança com o PSB no Estado.

"O nome que ele [presidente Lula] sinalizou é o do Ciro Gomes", afirmou.

Mercadante não respondeu se sairá candidato a governador caso Ciro não seja o nome do partido para São Paulo, e afirmou que disputará novamente uma cadeira no Senado em 2010.

Apesar dos planos do PT de emplacar Ciro Gomes como candidato ao governo de São Paulo, o partido sustenta o discurso de que o deputado cearense tem o direito de se lançar candidato à Presidência da República.

O ex-ministro José Dirceu afirmou que a possível candidatura de Ciro não vai desviar votos da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). "A Campanha de Dilma tem apoio da maioria dos partidos", disse Dirceu.