sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

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Governo inclui no PAC obra para ligar Paraíba do Sul ao Sistema Cantareira

Obras terão custo de R$ 830,5 mi, segundo Ministério do Planejamento.
Cantareira é um dos principais sistemas que abastecem Grande São Paulo.

Filipe Matoso Do G1, em Brasília

O governo federal incluiu na lista de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a transposição das águas do rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro, para o Sistema Cantareira, um dos responsáveis pelo abastecimento de água na Grande São Paulo, informou nesta sexta-feira (23) o Palácio do Planalto.
A transposição do Paraíba do Sul é um projeto do governo paulista que pretende desviar água do rio para abastecer o Sistema Cantareira, que enfrenta uma crise hídrica por conta da estiagem no Sudeste. O Rio de Janeiro era inicialmente contrário à obra porque a bacia abastece diversos municípios do estado, incluindo a região metropolitana da capital fluminense.

Segundo a Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo informou na última semana, o início das obras dependia da inclusão na lista do PAC. Com isso, os contratos firmados podem ser executados por meio do Regime Diferenciado de Contratações (RDC).

O RDC acelera e simplifica procedimentos das licitações porque, entre outros mecanismos, permite a contratação por inteiro de uma obra, sem necessidade de contratar em separado o projeto básico, o projeto executivo e a execução.

Conforme o Ministério do Planejamento, as obras serão executadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e custarão R$ 830,5 milhões. De acordo com a pasta, os recursos serão financiados via Caixa Econômica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES).

Segundo estimativas do governo federal, a interligação aumentará, em média, a disponibilidade hídrica no sistema Cantareira em 5,1 metros cúbicos por segundo. De acordo com o Planejamento, as águas do Paraíba do Sul serão levadas ao Cantareira por meio de um canal entre as represas Jaguari (RJ) e Atibainha (SP).
A crise hídrica no estado de São Paulo começou ainda no ano passado e, no início deste ano, o governador Geraldo Alckmin reconheceu que há racionamento no uso de água. Após reunião com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, em novembro, ele chegou a dizer que o estado precisaria de R$ 3,5 bilhões para obras de enfrentamento da crise no abastecimento.
À época da reunião entre Dilma e Alckmin, a Agência Nacional de Águas (ANA) divulgou à imprensa lista com oito "grandes obras" para o enfrentamento da crise de água no estado. O primeiro item da lista era o que previa a interligação. O documento já estimava em R$ 830 milhões o total da obra.

Conforme a ANA, as obras de interligação foram sugeridas aos ministérios da Interação Nacional e do Planejamento, prevendo que os recursos seriam oriundos do PAC. De acordo com a agência, a estimativa é que as obras fiquem prontas em 14 meses.

No último dia 16, a ANA autorizou a obra de ligação da bacia do rio Paraíba do Sul com o Sistema Cantareira. O aval foi dado por um grupo de trabalho criado na agência, com representantes dos governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, para discutir soluções para a crise da falta de água em municípios paulistas.

sábado, 17 de janeiro de 2015

PT e Lula querem convencer Marta a continuar no partido


A cúpula do PT decidiu sinalizar à senadora Marta Suplicy (SP) que deseja negociar sua permanência no partido, com aval e atuação direta do ex-presidente Lula.
A senadora tem se movimentado para sair do PT e concorrer à Prefeitura de São Paulo ainda em 2016, por outra legenda. Nesse cenário, na avaliação de dirigentes petistas, ter Marta na disputa poderia prejudicar a reeleição de Fernando Haddad (PT).
Na quinta-feira (15), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, reuniu-se com Lula em São Paulo e conversou sobre a situação de Marta, entre outros assuntos.

Aaron Cadena Ovalle - 09.set.2014/Efe
Marta Suplicy durante entrevista quando ainda era ministra da Cultura
Marta Suplicy durante entrevista quando ainda era ministra da Cultura
Ficou acertado que, inicialmente, o presidente estadual do PT-SP, Emidio de Souza, irá procurar a senadora e indicar as intenções do partido.
Caso Marta se mostre disposta a conversar, aliados afirmam que Lula entrará no circuito. Integrantes da direção do PT e interlocutores do ex-presidente dizem que o aceno será o de que ela poderia ser a candidata petista ao governo paulista em 2018.
Aliados afirmam que a senadora tem um "projeto pessoal" de voltar a concorrer a um cargo majoritário em São Paulo e, como completará 70 anos em março, vê a eleição de 2016 como "sua última chance". Mesmo assim, ponderam, estaria disposta a aceitar a vaga de candidata do PT ao governo do Estado.
Integrantes de outros partidos que acompanham com atenção a política estadual também apostam que o jogo de Marta aponta em direção ao Palácio dos Bandeirantes.
"O problema é que ela não fala o que quer. Nunca reivindicou participar de prévias com Haddad para 2016, por exemplo", diz um petista.
A senadora fez recentemente declarações públicas em que criticou a presidente Dilma Rousseff, atacou o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a quem chamou de "traidor", e disse que o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é "inimigo" de Lula.
Segundo Marta, o PT chegou a uma encruzilhada em que "ou muda ou acaba."
A avaliação inicial de dirigentes petistas era a de que as duras críticas colocavam um ponto final em sua relação com o partido. No entanto, os possíveis danos à reeleição de Haddad e à imagem do PT mudaram o cenário.
ARTICULAÇÃO
Desde novembro, o marido da senadora, o empresário Márcio Toledo, tem negociado sua mudança de partido. Entre as conversas, esteve com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), de quem é amigo, e com lideranças do PSB.
Na última semana, Haddad indicou Gabriel Chalita (PMDB) para sua secretaria de Educação e amarrou o partido de Temer para apoiar sua reeleição no próximo ano.
"Isso frustrou os planos de Marta, e ela endureceu o tom", afirma um petista.
O PT estipulou até o dia 1º de fevereiro para resolver a situação de Marta. O temor é que ela inicie o ano na tribuna do Senado com críticas ao governo e ao partido, o que aumentaria o desgaste.
Caso Marta não aceite permanecer no PT, a legenda não pretende expulsá-la nem reivindicar seu mandato.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

PT diz que Marta quer gerar conflito para justificar saída


A avaliação de integrantes do governo Dilma Rousseff e do PT é que a senadora Marta Suplicy (SP), ao atacar seu próprio partido e fazer críticas a correligionários, busca "criar um fato" para "tentar legitimar sua saída" da sigla.
Para deixar o partido e manter o mandato como senadora, Marta precisará apresentar à Justiça Eleitoral justificativas para a mudança.
Segundo um assessor presidencial, a entrevista "desabafo" da ex-ministra da Cultura foi "imprópria". A principal crítica de petistas foi a exposição de tratativas com o ex-presidente Lula, que teria como objetivo ampliar o desgaste entre ele e Dilma.
A relação entre os dois petistas estaria abalada, uma vez que Lula ficou contrariado com a nova configuração que sua sucessora conferiu à Esplanada dos Ministérios.
Em sua fala ao jornal "O Estado de S. Paulo", Marta disse que "ou o PT muda ou acaba" e centrou fogo no ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e no presidente do PT, Rui Falcão. Ela classificou Mercadante de "inimigo" de Lula e acusou Rui Falcão de trair o projeto do partido.
Ao acusar o atual presidente do PT de traidor do projeto da legenda e alegar que o PT atual não é o mesmo que ela teria ajudado a criar, a ex-ministra estaria indicando os argumentos que poderá usar na Justiça para justificar sua saída do partido.
Marta revelou ainda lances da tentativa de trocar a então candidata à reeleição Dilma por Lula, citando conversas reservadas com o petista.
A senadora, que também foi ministra de Lula, disse que o ex-presidente reclamava da presidente Dilma, afirmando que ela não o ouvia sobre conselhos para mudar a política econômica do governo.
Para assessores de Dilma e petistas, Marta deveria ter feito este tipo de discussão internamente, mas ela está disposta, segundo eles, a deixar o partido e busca "justificar" sua saída da legenda.
A orientação dentro do governo é "ignorar publicamente" a entrevista da senadora, deixando uma resposta oficial para a direção do PT.
A avaliação de alguns assessores e petistas é que esta resposta não deve "jogar lenha na fogueira", porque isso beneficiaria a senadora. Nas palavras de um petista, a melhor estratégia é não entrar no "joguinho da Marta".
Petistas lembram que a senadora sempre teve espaço dentro do PT. Foi candidata três vezes à Prefeitura de São Paulo e uma a governadora, além de ter sido ministra nos governos de Lula e Dilma. "Ela sempre teve apoio no partido, mas nem tudo pode ser do jeito que ela quer", afirmou um membro do PT.
Um dos principais interlocutores de Lula, o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) criticou a postura de Marta. Segundo ele, que já defendeu o "Volta, Lula" e foi autor da proposta de terceiro mandato do então presidente, a senadora deveria ter apresentado suas mágoas ao partido.
"É uma discussão séria? Vamos fazer internamente. Eu e outros companheiros sempre fizemos discussão interna. Agora, quem sai atirando tem que lembrar que pode ser alvejado", provocou.
Vice-presidente do PT, o deputado José Guimarães (CE) reforçou o discurso em defesa do debate interno. "O silêncio no momento é a melhor resposta. Ninguém do PT tem o direito de ser instrumento de manipulação de quem quer que seja".
Aliados de Marta negam que o pano de fundo de suas queixas seja a intenção de disputar a Prefeitura de São Paulo em 2016, mas admitem que a senadora tem negociado possível migração e uma eventual candidatura com o PMDB, PDT e até com o oposicionista Solidariedade.


sábado, 10 de janeiro de 2015


Alckmin toma posse, e PSDB completa 20 anos de governo em São Paulo

O governador Geraldo Alckmin chega ao Palácio dos Bandeirantes depois de empossado no cargo na Assembléia Legislativa (Foto: Governo do Estado de São Paulo)
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) chega ao Palácio dos Bandeirantes depois de empossado no cargo na Assembléia Legislativa (Foto: Governo do Estado de São Paulo)
Tucano chega a seu décimo ano à frente do Palácio dos Bandeirantes e é cotado para concorrer à Presidência da República em 2018
Por Felipe Frazão, de VEJA.com
(Atualizada às 11h25)
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e seu vice-governador, Márcio França (PSB), tomaram posse nesta quinta-feira na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp). Alckmin deu início a seu quarto mandato [não consecutivo] como governador – o vigésimo ano do PSDB no comando de São Paulo, recorde no país. Este será o décimo ano de Alckmin ao leme do Palácio dos Bandeirantes..
Em seu discurso de posse, o governador enumerou obras e investimentos de sua gestão, sem mencionar temas sensíveis ao governo, como a crise hídrica. “Muito avançamos, mas temos um trabalho hercúleo pela frente”, disse o tucano ao se dirigir aos deputados. “Muito avançamos, nobres deputados e deputadas, mas de nada adianta se não continuarmos seguindo em diante, enfrentando os desafios permanentes que transformam São Paulo na terra da superação. Divergência haverá aos borbotões, como sempre houve, mas nunca ameaças ou deslealdade de ambas as partes.”
Alckmin recebeu oficialmente o cargo da Mesa Diretora da Alesp, presidida pelo deputado tucano Samuel Moreira. Ele foi recepcionado no Palácio Nove de Julho por deputados federais e estaduais eleitos, pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Antônio Carlos Mathias Coltro, pelo procurador-geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, e pelo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Renato Nalini, além de integrantes de sua equipe de governo.
Antes da solenidade, o governador reuniu-se com líderes de sua base aliada. Alckmin seguirá para o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, onde dará o cargo aos seus secretários. Agora à tarde, o tucano deve acompanhar em Brasília a cerimônia de posse da presidente reeleita Dilma Rousseff.
No ano passado, Alckmin recebeu 12,2 milhões de votos, o equivalente a 57,31% dos válidos, e foi reeleito no primeiro turno. Ele superou com folga os dois principais candidatos de oposição: Paulo Skaf (PMDB) e Alexandre Padilha (PT). O tucano é um dos nomes cotados no partido para concorrer à sucessão de Dilma em 2018.
Alckmin terá como principais desafios a crise de abastecimento de água no Estado e a entrega de obras de infraestrutura e mobilidade urbana, principalmente a expansão da rede de trens e metrô, além do prosseguimento das investigações contra o cartel de empresas que fraudou licitações no setor de transporte sobre trilhos.
Alckmin assumiu o governo estadual pela primeira vez em 2001. Ele era vice-governador de Mário Covas, que inaugurou a série histórica no partido à frente do Estado, e morreu por causa de um câncer naquele ano. Alckmin foi reeleito em 2002. Ele renunciou em 2006 para concorrer à Presidência da República, mas foi derrotado pelo ex-presidente Lula.
Na ocasião, o então vice-governador Cláudio Lembo, à época no extinto PFL, assumiu o mandato por nove meses, único período em que o PSDB não esteve no comando do Estado. Em 2010, Alckmin conseguiu voltar ao Bandeirantes ao derrotar no primeiro turno por grande margem o petista Aloizio Mercadante, atualmente ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff.
“São Paulo não pode esperar um dia, um minuto, para oferecer ao país a sua parcela de luta. São Paulo nunca vai virar as suas costas ao Brasil”, disse Alckmin, repetindo trecho do discurso de posse de Mário Covas em 1999.