JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S. Paulo
O secretário estadual de Desenvolvimento de São Paulo, Geraldo Alckmin, decidiu intensificar seu ritmo de visitas ao interior paulista como antídoto ao fortalecimento da pré-candidatura a governador de Aloysio Nunes Ferreira, seu colega da Casa Civil, na disputa interna do PSDB, caso José Serra concorra ao Palácio do Planalto no ano que vem.
Mesmo ocupando a liderança das pesquisas de intenção de voto e há quatro meses no comando da pasta, Alckmin está longe de quebrar a resistência dos grupos do governador Serra e do prefeito Gilberto Kassab (DEM) ao seu projeto de voltar a comandar o Estado.
Ex-governador de 2001 a 2006, o tucano optou por um recuo tático em relação à atitude adotada no ano passado, quando praticamente impôs ao partido sua candidatura a prefeito da capital contra a vontade dos serristas, que defendiam o apoio à reeleição de Kassab.
Alckmin agora trabalha para se manter em alta no interior, onde --conforme a mais recente pesquisa Datafolha-- está a maior fatia de seu eleitorado. Evita ainda melindrar o governador e Aloysio esquivando-se de dar declarações públicas sobre política partidária ou 2010. Ele sabe que não concorrerá sem a indicação de Serra.
Anteontem, Alckmin reuniu cerca de 300 pessoas em Sorocaba para falar de "prioridades do desenvolvimento regional". Na quinta, foi a Caraguatatuba, no litoral. Amanhã, estará no Vale do Ribeira para entregar uma escola técnica. No fim de semana passado, assistiu em Tambaú, noroeste do Estado, à missa da primeira fase de canonização do padre Donizetti.
Em seu melhor cenário, Alckmin tem 46% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada em março; Aloysio chega a 3%. A estratégia de Aloysio privilegia a máquina partidária e siglas aliadas do PSDB-SP, com algumas viagens ao interior.
Ele estreitou sua relação com prefeitos, vereadores e deputados estaduais, pois sua pasta concentra a distribuição de verbas. Seus apoiadores também têm procurado tucanos com o discurso de que, seja quem for o candidato de Serra, "herdará automaticamente" os votos do eleitorado antipetista.
PMDB paulista
Orestes Quércia, ex-governador e principal nome do PMDB no Estado, vê em Aloysio uma possibilidade maior de ficar com uma das vagas ao Senado numa eventual chapa liderada por Serra. Ontem, no congresso estadual do PMDB, na capital, ele defendeu uma aliança com o PSDB em São Paulo.
"Gostaríamos que o Aloysio fosse o candidato. Ele tem uma ligação com o PMDB, foi vice-governador pelo PMDB e líder do meu governo na Assembleia. Mas isso não exclui a possibilidade de apoiarmos outro. É uma questão do PSDB", disse.
Quércia declarou seu apoio à candidatura de Serra à Presidência e disse que a proposta de aliança com o PT, defendida por congressistas do PMDB, poderá sair derrotada. "Os deputados e senadores são muito importantes, mas não são só eles que manobram o PMDB", disse. No evento, o presidente nacional do partido e da Câmara, Michel Temer, afirmou que "o que a convenção decidir, será o rumo que tomaremos".
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