MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
O delegado Protógenes Queiroz, da Polícia Federal, deve disputar as eleições de 2010 como candidato do PDT. O cargo desejado ainda está sendo negociado entre o delegado e a direção nacional do partido. Protógenes deve oficializar a filiação no dia 7 de setembro. A expectativa é que ele concorra a deputado federal por São Paulo.
Protógenes ficou conhecido por comandar a Operação Satiagraha, que investigou e pediu a prisão do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, por supostos crimes financeiros. O convite para o delegado ingressar nos quadros do PDT partiu do deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força Sindical, e teve o aval do presidente licenciado do partido, ministro Carlos Lupi (Trabalho).
Segundo Paulinho, Protógenes tem perfil político e se transformou em um "ícone na luta pela transparência". "Assim que ele teve a ideia de entrar na vida política, nós começamos a conversar. Como ele estava enrolado com o PSOL, esperamos um pouco e ele se decidiu. O delegado tem um tem um papel importante porque é uma pessoa que se tornou emblemática na luta pela transparência e contra a corrupção", disse.
O secretário-geral do PDT, Manoel Dias, disse que a candidatura de Protógenes tem o objetivo de recuperar a credibilidade dos eleitores na classe política. "É um homem com excelentes serviços prestados ao país", afirmou.
A Folha Online procurou o delegado para comentar a possível candidatura, mas não conseguiu localizá-lo. Protógenes está afastado por tempo indeterminado da corporação porque responde a processo administrativo. Se ele realmente quiser se candidatar, terá que aguardar o resultados do processo e ainda terá que optar pelo afastamento por tempo indefinido ou pela exoneração.
O delegado costuma negar em entrevistas o interesse em se candidatar. Em maio, ele negou a filiação ao PDT. "Recebo a notícia com respeito e surpresa, pois não sou filiado a nenhum partido político e a minha condição ideológica atual é disseminar e resgatar o debate à ética, moral, os símbolos nacionais e sobretudo o combate à corrupção", disse ele no blog.
Apesar da própria negativa, Protógenes disse que era pressionado pela população a entrar na política. "A população está me conduzindo a este processo", disse ele. "Há uma pressão pública para isso".
Processos
Os planos políticos do delegado correm o risco de serem suspensos por causa dos processos que ele enfrenta na Polícia Federal e na Justiça. Protógenes foi denunciado à Justiça Federal em São Paulo pelos crimes de violação de sigilo funcional e fraude processual durante as investigações da Operação Satiagraha.
A PF também abriu outro inquérito para vai investigar a suposta espionagem de Protógenes contra autoridades dos três Poderes. O delegado responde também a processo administrativo por participação em um comício político, em Minas Gerais, no qual teria feito um discurso em nome da instituição.
O processo pode resultar na demissão do delegado se, ao final das investigações, ficar comprovado que ele infringiu as normas da PF ao falar pela instituição durante o comício político.
Ele deu apoio ao candidato do PT Paulo Tadeu Silva D'Arcádia, candidato a prefeito de Poços de Caldas (MG), em comício realizado em setembro passado.
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