Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo
Mais de 150 mil moradores da cidade de São Paulo estão expostos a campos magnéticos gerados por linhas de transmissão aérea de energia elétrica em níveis que podem provocar riscos à saúde humana. A estimativa foi feita por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo).
O autor do estudo, o geógrafo Mateus Habermann, avaliou a exposição a campos magnéticos iguais ou superiores a 0,3 microtesla, nível que é apontado como de risco. "Ainda não há consenso de que os campos magnéticos causam câncer, mas existem suspeitas em relação à ocorrência de leucemia em crianças", afirma o pesquisador ao UOL Ciência e Saúde.
Com mapas e sistema de informações geográficas, Habermann analisou informações sobre os 572,1 quilômetros de linhas de transmissão na cidade de São Paulo mostra que as áreas mais expostas aos campos magnéticos formam um corredor ao longo do percurso das linhas, abrangendo uma área de 25 quilômetros quadrados. Conforme as dimensões e características técnicas das linhas de transmissão, esses corredores apresentaram entre 50 e 130 metros de largura.
A população que vive nos corredores é estimada em 152.176 habitantes (1,4% da população de São Paulo), em 40.677 domicílios (1,3% da cidade), com base nos dados do censo demográfico de 2000.
Renda
A pesquisa também mostra que as populações de renda e nível de escolaridade mais baixos estão mais expostas aos campos magnéticos. Quase metade (48%) não tem instrução ou tem menos de cinco anos de estudo. E um terço dos chefes dos domicílios expostos não possui renda ou ganha menos de dois salários mínimos.
Em outra outra pesquisa da USP, foi comparada a distância entre linhas de transmissão e residências de pessoas que morreram de leucemia, câncer no cérebro e neoplasias do sistema nervoso central. Os resultados mostraram que o risco de leucemia entre pessoas com mais de 40 anos é maior em áreas situadas a 50 metros das linhas de transmissão.
O trabalho do geógrafo, descrito em sua dissertação de mestrado, teve a orientação do professor Nelson Gouveia, do Departamento de Medicina Preventiva da USP, e contou com a participação da Faculdade de Saúde Pública do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Universidade.
A pesquisa foi financiada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e as conclusões dos estudos foram encaminhadas para as concessionárias de serviços de eletricidade.
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