domingo, 9 de junho de 2013


O ministro petista José Eduardo Cardozo (Justiça) disse que o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, “está politizando” o problema da segurança pública. Faz isso ao atribuir o aumento da criminalidade no Estado à debilidade do controle nas fronteiras, uma responsabilidade da União.
“É da tradição política as pessoas tentarem se isentar de responder certas questões, colocando a culpa em outros”, disse Cardozo numa entrevista à repórter Vera Rosa. “Infelizmente, eu acho que é isso”, prosseguiu. “Ele está politizando.” O ministro é apontado como uma das alternativas do PT para a enfrentar Alckmin em 2014. A conversa pode ser lida aqui. Vão abaixo algumas frases do entrevistado:
União X Estado: “É da tradição política as pessoas tentarem se isentar de responder certas questões, colocando a culpa em outros. Eu não farei isso. Vamos deixar a disputa eleitoral para o palanque. Em junho de 2011, lançamos o Plano Estratégico de Fronteiras e temos obtido resultados muito positivos. Querer atribuir a subida da violência em São Paulo a algo que está melhorando é querer se isentar de um problema sobre o qual poderíamos pensar em conjunto, sem politizar nem jogar responsabilidade para o outro.”
Segurança X política:
”Infelizmente eu acho que é isso, que ele [Alckmin] está politizando, porque se o programa de fronteiras [do governo federal] tem números melhores do que tinha anteriormente e São Paulo tem números de violência piores do que tinha antes, eu não posso estabelecer um nexo de causa e efeito…”
— Jogo de empurra: A responsabilidade [pelo combate à criminalidade] é do Estado brasileiro. Acho que todos nós temos de estar juntos e parar com essa mania de querer empurrar a coisa com a barriga, culpando uns aos outros. Isso chega a ser pueril. Em momentos de crise, precisamos deixar de lado nossas divergências políticas e buscar convergências. Duvido que a população aceite esse jogo de empurra.
Alckmin mira em 2014? Se eu respondesse a essa pergunta e desse as minhas impressões estaria seguindo o caminho inverso do que estou querendo. Quero resolver o problema de São Paulo e não dizer, eleitoralmente, que o culpado é esse ou aquele. A população de São Paulo precisa de pessoas que estejam à altura de seus desafios, para enfrentá-los em conjunto. Nós não podemos ter vergonha ou medo de pedir auxílio quando temos um problema. Pouco me interessa aí o resultado eleitoral. Já passou o tempo do ‘quanto pior, melhor’.”
Maioridade penal:
A redução da maioridade penal é inconstitucional porque fere cláusula pétrea. A Constituição diz que a maioridade penal é conseguida aos 18 anos. Isso, portanto, gera um direito individual indiscutível a todas as pessoas que não têm 18 anos de não serem imputadas pela prática de delitos penais. Temos de focar a discussão nos marcos do Estado de Direito. A partir daí podemos discutir, por exemplo, as condições e o tempo de internação, associados a políticas de ressocialização do menor transgressor.
Índios X Fazendeiros: Tem gente que fala em permuta de terras, coisa que não é aceita por povos indígenas. Há os que sugerem indenização, mas isso esbarra na Constituição e existe também proposta para criação de um título da dívida indígena. Por mais que o governo queira resolver o problema, se não envolvermos o Judiciário, o MP e, em certa medida, o Legislativo, não sairemos dessa situação. Nossa ideia é criar um fórum de negociação sobre a questão do Mato Grosso do Sul. Não considero aqui a hipótese de que pessoas estejam de má-fé. Se essa negociação prosperar, pode servir de modelo para todo o País.
Bolsa Família e boatos: …Seria incorreto e leviano atribuir agora responsabilidades. O fato de ter ocorrido o saque em momento específico em vários Estados – no Rio, por exemplo, apenas na Baixada Fluminense – não nos permite afastar a hipótese de que alguém, propositadamente, tenha disseminado o boato. Uma das linhas de investigação, sobre a qual só falo porque veio a público, é a do telemarketing. É uma investigação altamente complexa.

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