E se faltar água em SP?
Como se temia entre os tucanos paulistas e se previa entre os técnicos, São Paulo vive o momento mais próximo de um racionamento de água; sistema Cantareira, que também abastece Campinas, desce ao menor nível histórico; chuvas esperadas para o Carnaval não chegaram; governador Geraldo Alckmin investe nos descontos nas contas de poupadores e em campanhas contra o desperdício; mas a questão para ele é: será o suficiente para evitar o fechamento das torneiras e o consequente desgaste político?; adversários Paulo Skaf (PMDB), Gilberto Kassab (PSD) e Alexandre Padilha (PT) não têm motivos políticos para rezar a São Pedro por chuvas
7 de Março de 2014 às 20:10
¶ 247 – Assim como a oposição à presidente Dilma Rousseff aposta na hipótese de racionamento de energia para tirar pontos dela nas pesquisas de intenção de votos, os adversários do governador Geraldo Alckmin em São Paulo não têm motivos políticos para desejar que a atual estiagem passe e afaste o risco de racionamento de água no maior Estado da Federação.
Há um consenso em torno da ideia de que a interrupção do abastecimento normal de água em São Paulo atingirá o prestígio de Alckmin, até aqui o favorito para vencer as eleições de outubro ao Palácio dos Bandeirantes. Candidato à reeleição, ele seria acusado de falta de planejamento.
Sem terem criado grandes fatos políticos até aqui, os pré-candidatos Paulo Skaf, do PMDB, Gilberto Kassab, do PSD, e Alexandre Padilha, do PT, também ainda não encaixaram um discurso oposicionista que faça efeito na queda de intenções de voto do governador. A seca nas torneiras viria a calhar.
O próprio Alckmin parece reconhecer esse risco, tanto que vai sustentando uma posição tecnicamente cada vez mais difícil. Contrário ao racionamento como forma de compensar o rebaixamento a níveis históricos nos reservatórios do sistema Cantareira, Alckmin acredita que as medidas de incentivo à economia de água entre a população vêm dando resultado.
- O incentivo nas contas de água tem dados os resultados esperados, disse o governador em entrevista na sexta-feira 7. Ele vai continuar apostando no bônus econômicos e nas campanhas educativas contra o desperdício para evitar tomar a medida considerada mais dura.
A previsão de técnicos de que São Paulo chegaria ao final do Carnaval no limite de sua capacidade de abastecimeto de água se confirmou. Sem a chegada de chuvas previstas para o período, o sistema Cantareira desceu na quinta-feira 6 ao seu nível histórico mais baixo, de 16%.
- Racionar água é uma decisão que vai ter que ser tomada agora em março, não dá para adiar mais, diz o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Edson Carlos. "Já há pequenos cortes de abastecimento em cidades como Itú e Sorocaba, e a tendência é que isso se amplie".
Ninguém parece ter melhores motivos políticos do que Alckmin para pedir a São Pedro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário