A advogada Ana Lúcia Assad, que defende Lindemberg Alves, acusado de matar a ex-namorada Eloá Pimentel em outubro de 2008, pediu na manhã desta terça-feira (14) que a mãe da vítima não fosse ouvida durante o julgamento do caso que acontece no Fórum de Santo André, no ABC. Nesta segunda (13), a própria advogada havia arrolado a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, e o irmão caçula, Everton Douglas, de 17 anos, como testemunhas. Ana Lúcia ameaçou abandonar o júri caso Ana Cristina fosse ouvida.
Logo ao entrar na sala do Tribunal do Júri, a mãe de Eloá encarou o réu, que não desviou o olhar. Em seguida, a advogada de Lindemberg foi até a juíza Milena Dias, informando que não queria que os dois familiares de Eloá fossem ouvidos como testemunhas de defesa. O plenário vaiou a advogada e a juíza pediu silêncio.
"Não concordo que essa testemunha seja ouvida. Eu quero dispensa-la”, disse Ana Lúcia sem apresentar motivo. A juíza ponderou que seria necessária a concordância da acusação. A promotora do caso, Daniela Hashimoto, discordou. Em seguida, a advogada de Lindemberg ameaçou "Eu vou abandonar o júri. Eu vou embora”, disse elevando o tom de voz.
A acusação acabou aceitando a dispensa de Ana Cristina. O Ministério Público, entretanto, não concordou com a dispensa de Everton Douglas, que estava sendo ouvido por volta das 11h50 como testemunha do juízo, segundo informou o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Antes, a mãe de Eloá havia saído da sala do Tribunal do Júri para conversar com jornalistas quando foi chamada pelos seguranças do Fórum de Santo André para retornar ao plenário. Ela terá que acompanhar o depoimento de Everton, porque ele é menor de idade.
'Monstro'
No início deste segundo dia de julgamento do caso Eloá, o irmão da vítima Ronickson Pimentel dos Santos definiu Lindemberg Alves como "louco", "vingativo" e "extremamente agressivo". Nas palavras de Ronickson, o réu é um "monstro". Ronickson foi o primeiro a ser interrogado nesta manhã, segundo dia de julgamento.
Os trabalhos do Tribunal do Júri foram retomados por volta das 9h30. Lindemberg passou a noite desta segunda-feira (13) no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.
O júri, presidido pela juíza Milena Dias, ocorre mais de três anos após um dos sequestros mais longos do país - cerca de cem horas - acompanhado ao vivo pela TV, que terminou com a morte da estudante, com 15 anos à época.
"Ele é um monstro, um louco, agressivo", reforçou Ronickson em seu depoimento. Após dizer isso, o irmão de Eloá encarou Lindemberg, que abaixou a cabeça.
Ronickson falou por cerca de uma hora ao Tribunal do Júri - ele chorou três vezes. O irmão de Eloá se emocionou ao lembrar da doação de órgãos da irmã - que ele definiu como uma "atitude muita linda" de sua mãe -, ao dizer que sua família está se reconstruindo
e ao relatar que o irmão caçula, Everton Douglas, se sente culpado por ter apresentado Eloá a Lindemberg, de quem era amigo à epoca.
Por diversas vezes ao longo de sua fala, Ronickson encarou o réu, que abaixava a cabeça sem esboçar reação. O irmão de Eloá disse ainda que ela chegou a reclamar uma vez que havia apanhado de Lindemberg. Ronickson questionou o namorado da irmã na época, que negou tudo. Segundo ele, a irmã vivia triste. "Ele era agressivo, sempre arrumava brigas por futebol", disse.
Ronickson classificou a morte de Eloá como uma "traição" de Lindemberg em relação à família da vítima, que sempre o tratava como um filho. "O que ele fez foi uma traição". “Lindemberg tirou todos os sonhos da Eloá. E o que ela mais queria era ser veterinária”, completou.
O advogado Thiago Pinheiro, que defende o pai de Eloá, Everaldo Pereira dos Santos, disse durante o depoimento de Ronickson que seu cliente afirmou que o tiro na virilha da vítima era um disparo simbólico. "O tiro eu não sei se foi simbólico, mas foi para matar”, respondeu Ronickson.
Assistente da acusação, José Beraldo também interveio durante o depoimento do irmão de Eloá. "Olha para os olhos dele e diga se Lindemberg se mataria”. “Não. Ele não se mataria”, respondeu Ronickson.
Após o depoimento de Ronickson, o Tribunal do Júri começou a ouvir as testemunhas de defesa. A primeira a falar é o advogado Marcos Assumpção Cabello, o primeiro a ser contratado pela família do réu para acompanhar as negociações com a Polícia Militar durante o sequestro de Eloá, em outubro de 2008.
Primeiro dia de depoimento
O primeiro dia de julgamento de Lindemberg começou por volta 10h50 desta segunda (13). Durante a manhã, houve a exibição de vídeos tanto do Ministério Público quanto da defesa. Seis homens e uma mulher compõem o conselho de sentença, definido no início do julgamento.
Durante uma hora e meia, a defesa de Lindemberg exibiu cerca de 15 vídeos jornalísticos que retratam a cobertura da imprensa e também a invasão da Polícia Militar ao apartamento onde a Eloá foi mantida refém por cinco dias, entre 13 e 17 de outubro de 2008.
Depoimentos
Após a apresentação dos vídeos, três amigos de Eloá que também foram mantidos reféns por Lindemberg em 2008 e um policial militar depuseram. Nayara Rodrigues, que foi baleada pelo acusado, disse que o namoro de Lindemberg e Eloá tinha "idas e vindas". Segundo ela, os dois terminaram "várias vezes".
A garota acrescentou que o acusado passou a odiá-la depois que Eloá terminou definitivamente o relacionamento. "Ele achava que eu influenciava negativamente a Eloá. Ele achava que ela tinha terminado o namoro por minha causa. Ele me odiava e odiava minha mãe", disse. A pedido da jovem, Lindemberg foi retirado do plenário.
Nayara começou a chorar ao lembrar da amiga. "Ele batia nela o tempo todo dentro da casa, não largava a arma", disse, emocionada. A advogada de defesa de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, porém, afirmou que Nayara "simulou choro". “Teve dramatização demais, ela estava bem orientada”, disse. Para o advogado de Nayara, Marcelo Oliveira, a defesa está "desesperada".
Iago Vilera
Já Iago Vilera, um dos adolescentes também feitos reféns, prestou depoimento por mais de 30 minutos. O acusado voltou à sala do júri sem algemas e escoltado por dois PMs para assistir ao depoimento, já que o jovem não se opôs à presença dele. "Eu vi o Lindemberg perseguindo a Eloá, passando de moto e encarando os amigos de forma ameaçadora", disse Vilera.
Victor Campos
O estudante Victor de Campos, que também foi mantido refém, contou que Lindemberg, durante o cárcere privado, falou que "não estava para brincadeira". "Ele dizia que ia fazer uma besteira. Me deu uma coronhada porque achou que eu tinha algo com a Eloá." Segundo ele, o acusado dizia aos reféns: "Vou atirar em um de vocês para botarem fé em mim".
Atos Valeriano
Além dos três jovens, prestou depoimento nesta segunda o sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano, que escapou de um tiro durante o sequestro. Ele foi o último a falar no primeiro dia do júri. Segundo o PM, Lindemberg Alves atirou para matá-lo.
Qual a acusação
Lindemberg responde por 12 crimes. Além da morte de Eloá, são duas tentativas de homicídio (contra Nayara e o sargento Atos Antonio Valeriano, que escapou do tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor, Iago e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro).
Segundo o Ministério Público, se Lindemberg for condenado por todos os crimes atribuídos a ele, a pena mínima poderá ser de 50 anos e a máxima, de 100 anos de reclusão. Pela legislação do país, no entanto, ninguém pode ficar preso a mais de 30 anos. O julgamento de Lindemberg deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
Logo ao entrar na sala do Tribunal do Júri, a mãe de Eloá encarou o réu, que não desviou o olhar. Em seguida, a advogada de Lindemberg foi até a juíza Milena Dias, informando que não queria que os dois familiares de Eloá fossem ouvidos como testemunhas de defesa. O plenário vaiou a advogada e a juíza pediu silêncio.
"Não concordo que essa testemunha seja ouvida. Eu quero dispensa-la”, disse Ana Lúcia sem apresentar motivo. A juíza ponderou que seria necessária a concordância da acusação. A promotora do caso, Daniela Hashimoto, discordou. Em seguida, a advogada de Lindemberg ameaçou "Eu vou abandonar o júri. Eu vou embora”, disse elevando o tom de voz.
A acusação acabou aceitando a dispensa de Ana Cristina. O Ministério Público, entretanto, não concordou com a dispensa de Everton Douglas, que estava sendo ouvido por volta das 11h50 como testemunha do juízo, segundo informou o Tribunal de Justiça de São Paulo.
Antes, a mãe de Eloá havia saído da sala do Tribunal do Júri para conversar com jornalistas quando foi chamada pelos seguranças do Fórum de Santo André para retornar ao plenário. Ela terá que acompanhar o depoimento de Everton, porque ele é menor de idade.
'Monstro'
No início deste segundo dia de julgamento do caso Eloá, o irmão da vítima Ronickson Pimentel dos Santos definiu Lindemberg Alves como "louco", "vingativo" e "extremamente agressivo". Nas palavras de Ronickson, o réu é um "monstro". Ronickson foi o primeiro a ser interrogado nesta manhã, segundo dia de julgamento.
Os trabalhos do Tribunal do Júri foram retomados por volta das 9h30. Lindemberg passou a noite desta segunda-feira (13) no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.
O júri, presidido pela juíza Milena Dias, ocorre mais de três anos após um dos sequestros mais longos do país - cerca de cem horas - acompanhado ao vivo pela TV, que terminou com a morte da estudante, com 15 anos à época.
"Ele é um monstro, um louco, agressivo", reforçou Ronickson em seu depoimento. Após dizer isso, o irmão de Eloá encarou Lindemberg, que abaixou a cabeça.
Ronickson falou por cerca de uma hora ao Tribunal do Júri - ele chorou três vezes. O irmão de Eloá se emocionou ao lembrar da doação de órgãos da irmã - que ele definiu como uma "atitude muita linda" de sua mãe -, ao dizer que sua família está se reconstruindo
e ao relatar que o irmão caçula, Everton Douglas, se sente culpado por ter apresentado Eloá a Lindemberg, de quem era amigo à epoca.
Por diversas vezes ao longo de sua fala, Ronickson encarou o réu, que abaixava a cabeça sem esboçar reação. O irmão de Eloá disse ainda que ela chegou a reclamar uma vez que havia apanhado de Lindemberg. Ronickson questionou o namorado da irmã na época, que negou tudo. Segundo ele, a irmã vivia triste. "Ele era agressivo, sempre arrumava brigas por futebol", disse.
Ronickson classificou a morte de Eloá como uma "traição" de Lindemberg em relação à família da vítima, que sempre o tratava como um filho. "O que ele fez foi uma traição". “Lindemberg tirou todos os sonhos da Eloá. E o que ela mais queria era ser veterinária”, completou.
O advogado Thiago Pinheiro, que defende o pai de Eloá, Everaldo Pereira dos Santos, disse durante o depoimento de Ronickson que seu cliente afirmou que o tiro na virilha da vítima era um disparo simbólico. "O tiro eu não sei se foi simbólico, mas foi para matar”, respondeu Ronickson.
Assistente da acusação, José Beraldo também interveio durante o depoimento do irmão de Eloá. "Olha para os olhos dele e diga se Lindemberg se mataria”. “Não. Ele não se mataria”, respondeu Ronickson.
Após o depoimento de Ronickson, o Tribunal do Júri começou a ouvir as testemunhas de defesa. A primeira a falar é o advogado Marcos Assumpção Cabello, o primeiro a ser contratado pela família do réu para acompanhar as negociações com a Polícia Militar durante o sequestro de Eloá, em outubro de 2008.
Primeiro dia de depoimento
O primeiro dia de julgamento de Lindemberg começou por volta 10h50 desta segunda (13). Durante a manhã, houve a exibição de vídeos tanto do Ministério Público quanto da defesa. Seis homens e uma mulher compõem o conselho de sentença, definido no início do julgamento.
Durante uma hora e meia, a defesa de Lindemberg exibiu cerca de 15 vídeos jornalísticos que retratam a cobertura da imprensa e também a invasão da Polícia Militar ao apartamento onde a Eloá foi mantida refém por cinco dias, entre 13 e 17 de outubro de 2008.
Depoimentos
Após a apresentação dos vídeos, três amigos de Eloá que também foram mantidos reféns por Lindemberg em 2008 e um policial militar depuseram. Nayara Rodrigues, que foi baleada pelo acusado, disse que o namoro de Lindemberg e Eloá tinha "idas e vindas". Segundo ela, os dois terminaram "várias vezes".
A garota acrescentou que o acusado passou a odiá-la depois que Eloá terminou definitivamente o relacionamento. "Ele achava que eu influenciava negativamente a Eloá. Ele achava que ela tinha terminado o namoro por minha causa. Ele me odiava e odiava minha mãe", disse. A pedido da jovem, Lindemberg foi retirado do plenário.
Nayara começou a chorar ao lembrar da amiga. "Ele batia nela o tempo todo dentro da casa, não largava a arma", disse, emocionada. A advogada de defesa de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, porém, afirmou que Nayara "simulou choro". “Teve dramatização demais, ela estava bem orientada”, disse. Para o advogado de Nayara, Marcelo Oliveira, a defesa está "desesperada".
Iago Vilera
Já Iago Vilera, um dos adolescentes também feitos reféns, prestou depoimento por mais de 30 minutos. O acusado voltou à sala do júri sem algemas e escoltado por dois PMs para assistir ao depoimento, já que o jovem não se opôs à presença dele. "Eu vi o Lindemberg perseguindo a Eloá, passando de moto e encarando os amigos de forma ameaçadora", disse Vilera.
Victor Campos
O estudante Victor de Campos, que também foi mantido refém, contou que Lindemberg, durante o cárcere privado, falou que "não estava para brincadeira". "Ele dizia que ia fazer uma besteira. Me deu uma coronhada porque achou que eu tinha algo com a Eloá." Segundo ele, o acusado dizia aos reféns: "Vou atirar em um de vocês para botarem fé em mim".
Atos Valeriano
Além dos três jovens, prestou depoimento nesta segunda o sargento da Polícia Militar Atos Antonio Valeriano, que escapou de um tiro durante o sequestro. Ele foi o último a falar no primeiro dia do júri. Segundo o PM, Lindemberg Alves atirou para matá-lo.
Qual a acusação
Lindemberg responde por 12 crimes. Além da morte de Eloá, são duas tentativas de homicídio (contra Nayara e o sargento Atos Antonio Valeriano, que escapou do tiro); cárcere privado (de Eloá, Victor, Iago e duas vezes de Nayara) e disparo de arma de fogo (foram quatro).
Segundo o Ministério Público, se Lindemberg for condenado por todos os crimes atribuídos a ele, a pena mínima poderá ser de 50 anos e a máxima, de 100 anos de reclusão. Pela legislação do país, no entanto, ninguém pode ficar preso a mais de 30 anos. O julgamento de Lindemberg deve durar três dias, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
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