segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PM saca arma, ameaça jovem na USP e vídeo acaba na internet (Postado por Lucas Pinheiro)

Um policial militar ameaçou um jovem com uma pistola no campus da Universidade de São Paulo (USP), na Zona Oeste de São Paulo, nesta segunda-feira (9). A confusão foi gravada por estudantes e o vídeo foi divulgado na internet.

As imagens mostram o momento em que alunos, guardas universitários e o policial conversam próximo ao prédio que pertenceu ao DCE e que foi desocupado na quinta (5). O PM pergunta a um dos jovens se ele é aluno. O homem diz que é, mas o policial insiste e pede para que mostre a carteirinha da universidade. “Tenho minha palavra”, respondeu o rapaz.

O jovem é puxado com força pelo PM, que saca a arma e a coloca de volta no coldre. Os guardas e os alunos pedem calma e o jovem é levado para a frente do edifício. Lá, recebe mais alguns empurrões e um tapa.

Procurada, a assessoria da corporação não havia retornado ao G1 até as 17h, mas havia marcado entrevista sobre o caso para a tarde desta segunda.

Em outro vídeo divulgado pelos estudantes, o policial envolvido diz que não fez “nada de errado”. “Que agredi, o quê”, respondeu ao ser indagado por um aluno. “Você está me provocando? Vai fazer denúncia. Vai fazer denúncia”, afirmou. Uma jovem quis ver o nome e a patente do policial, mas ele retirou a identificação da lapela. “Por que você quer ver meu nome? Não quero mostrar o meu nome.”

No segundo vídeo, o jovem agredido também dá sua versão. “Eu estava ali, argumentando com o senhor tenente André e ele pediu para eu mostrar a carteirinha. Eu disse que não ia mostrar e quando eu mostrei a carteirinha, ele me soltou.” Em seguida, ele mostra dois documentos que comprovam que estuda mesmo na USP.

Segundo Diana Assunção, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o jovem é estudante da USP-Leste. “Toda a mobilização contra a presença da PM na USP no ano passado se expressou hoje com um policial sacando uma arma. Talvez ele não tenha matado porque não estava na favela.”

Para ela, o policial foi racista, pois o jovem abordado é negro. “Foi um ato de racismo. Começou a ser truculento com o rapaz achando que ele não era um aluno. Mesmo que não fosse, não poderia ocorrer dessa forma."

O policial nega que tenha sido preconceituoso na abordagem “O que você sabe de racista? O que você está falando de racista? Ele me desacatou”, disse a um aluno que questionava a maneira como o PM agiu.

Confusão
O prédio onde o desentendimento aconteceu é tido pelos estudantes como um dos últimos espaços de convivência e de lazer na Cidade Universitária. Na sexta, um princípio de confusão envolvendo alunos e guardas da universidade ocorreu quando funcionários foram fechar as entradas do edifício. A PM chegou a ser acionada.

Na ocasião, o estudante de Letras Rafael Alves, de 29 anos, reclamou do fato de diversos objetos terem sido retirados de lá. “Levaram duas geladeiras, um freezer, discos de vinil, vitrola, carrinho de cachorro quente para a Prefeitura do campus. Disseram que a gente poderá retirar tudo na segunda. Quero ver se eles vão devolver.”

Estudantes dizem que ao menos dez alunos foram agredidos com socos e chutes pelos guardas universitários. Segundo a PM, porém, ninguém ficou ferido nem foi preso durante a confusão de sexta.Questionada, a assessoria da USP disse não ter conhecimento de confusão nem de agressão.

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