Revolução de 32 recoloca SP no jogo político
Segundo especialista o movimento, “paulistaníssimo”, faz parte dos anos considerados decisivos para o Brasil
Tatiane Conceição noticias@band.com.br
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A Revolução Constitucionalista de 1932, ocorrida há oitenta anos, serviu para recolocar o Estado de São Paulo no “jogo político” após a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, em 1930, de acordo com o professor da escola de Sociologia e Política de São Paulo Rodrigo Estramanho de Almeida. Ele afirmou ainda que se trata de uma data paulista, “paulistaníssima”. “Não é uma data nacional”, decreta.
“Boa parte da data foi representada pelo fato de São Paulo dar um recado contra o autoritarismo, isso sem descartar que havia uma intenção de parte da elite de retornar ao poder. Não há mocinhos e bandidos, como em geral não há em política”, declarou.
Estramanho descarta ainda uma comparação entre a Revolução de 1930 e demais protestos ocorridos anteriormente no Brasil, como a Revolução Farroupilha. No entanto, ele destaca uma característica comum entre todas as revoltas brasileiras: a conservação daquilo que se pretende mudar, ou seja, em nenhum caso houve uma revolução de fato no país.
“As revoluções no Brasil têm uma característica passiva. Por trás dos movimentos revolucionários sempre há uma acomodação de classes. De fato a gente nunca interrompeu totalmente para um novo status quo”, afirmou.
O professor acrescenta que a Revolução Constitucionalista faz parte da década de 30, considerada por ele fundamental para a história do Brasil. “É a partir desta época que o Brasil deixa de ser rural para ser urbano e industrial. Os anos 30 são o mais importante divisor de águas da história do Brasil. Não é possível compreender o Brasil tal como ele se nos apresenta sem compreender o que acontece nos anos 30”, declarou.
Aliás, falando em mudanças, o especialista comenta o “recado contra o autoritarismo” dado pelo Movimento Constitucionalista, que tinha como uma de suas bandeiras a criação de uma Constituição, o que de fato ocorreu dois anos depois.
“O movimento democrático parece amadurecer a partir de 1934, mas aí vem um golpe, impetrado por Getúlio Vargas, que coloca o Brasil em regime autoritário”.
“Isso mudou de fato alguma coisa ou o Brasil continuou sua trajetória autoritária?”, o próprio entrevistado pergunta. E ele mesmo responde: “Parece para mim esta trajetória autoritária venceu”.
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